Quaresma e Páscoa – Como celebrar?

Neste texto, a Irmã Maria de Fátima de Carvalho, Diretora Geral do Colégio Nossa Senhora do Carmo, aborda cada um dos passos para a celebração da Quaresma e da Páscoa. 

A Quaresma é o período litúrgico de preparação para a celebração anual do Ministério Pascal, e caracteriza-se como tempo de penitência e renovação. É tempo de nos convertermos ao projeto de Deus, ouvindo e acolhendo sua Palavra sempre viva e eficaz, que nos fez retomar o que fizemos no batismo: a opção fundamental de nossa fé.

Dedicando mais tempo à oração, vamos fortalecendo as razões de nossa esperança e assumindo o verdadeiro e mais agradável jejum: prática do perdão, da justiça e da caridade como compromisso de ‘volta ao primeiro amor’, selado na fonte batismal.

SEMANA SANTA:

DOMINGO DE RAMOS

A celebração do Domingo de Ramos consta de duas partes: a comemoração da entrada de Jesus em Jerusalém, com bênção dos ramos e procissão, e a celebração da Eucarística, com a narração da Paixão.

Aspectos simbólicos:

Cor vermelha – Indica a Paixão do Senhor;

Ramos verdes São sinal de alegria pela vitória de Cristo. Em geral, utilizam-se galhos de oliveiras e palmeiras, mas nada impede que se usem ramos de outras plantas ou mesmo plantas medicinais. Muitas pessoas guardam os ramos bentos e os queimam como proteção contra raios e tempestades, mas os ramos nos devem recordar, principalmente, nosso compromisso com o projeto de Jesus;

Procissão – É o caminhar da pessoa rumo a Deus. Nesta celebração, as pessoas se unem e, com ramos nas mãos, louvam e aclamam Jesus em sinal de reconhecimento e gratidão pelas maravilhas que ele realiza em favor do seu povo.

TRÍDUO PASCAL

O Tríduo Pascal, que vai da missa vespertina da Quinta-feira Santa até o Domingo de Páscoa, inclusive, é o centro de gravidade do Ano litúrgico. Da última Ceia até o Domingo da Ressurreição transcorrem os três dias, a que Jesus fez menção várias vezes no Evangelho. (Mt 12,40; 26,61; Jo 2,19).

QUINTA-FEIRA SANTA – MISSA DA CEIA DO SENHOR

Na missa vespertina da Ceia do Senhor, celebramos a instituição da Eucaristia, do sacerdócio e o mandamento do Senhor sobre a caridade fraterna. Esta celebração constitui-se de quatro momentos fundamentais:

Liturgia da Palavra: A primeira leitura (Ex 12, 1-8.11-14) recorda o contexto pascal em que se desenrolou também a ceia de Jesus com seus discípulos. A segunda leitura (Cor. 11,23-26) apresenta o mais antigo relato da instituição da Eucaristia. O Evangelho de João (JO 13, 1-15) nos introduz no cenáculo, onde as palavras do Mestre e Senhor são reforçadas pelo seu exemplo de serviço.

Lava-pés: O celebrante repete o gesto de Jesus que lava os pés dos apóstolos. Esta ação simbólica manifesta que Jesus se coloca como o Servo num ato de amor e de serviço para com os apóstolos e recomenda que se faça o mesmo entre os irmãos. Não ordena repetir um rito, mas fazer como ele – isso significa refazer, em todo tempo e em toda comunidade, gestos de serviço mútuo, por meio dos quais se torne presente o amor supremo de Cristo pelos seus.

Liturgia Eucarística: O que se põe em destaque é o memorial da instituição da Eucaristia neste dia, reforçado pelo prefácio da Eucaristia e outras orações.

Translado do Santíssimo Sacramento: A assembleia reunida acompanha, em procissão, Jesus eucarístico até o altar da reposição. As sagradas espécies eucarísticas para a comunhão do dia seguinte permanecem aí para a adoração dos fiéis.

SEXTAFEIRA SANTA DA PAIXÃO DO SENHOR

Seguindo uma tradição muito antiga, a Igreja hoje não celebra a Eucaristia, mas põe em destaque a proclamação da Palavra. Neste dia, a comunidade cristã se reúne para vivenciar, não um funeral, mas a morte vitoriosa de Jesus Cristo.

Liturgia da Sexta-feira Santa: A celebração da Paixão do Senhor compõe-se de três partes: Liturgia da Palavra, incluindo-se a oração; Adoração da Cruz e Comunhão.

Liturgia da palavra: A profecia de Isaías nos apresenta o servo sofredor, que é inocente, mas sofre as consequências de uma estrutura injusta da sociedade em que vive. Entretanto, é mediante o sofrimento do servo que o projeto de Deus terá sucesso. Esse servo é a figura de Jesus que, por sua paixão e morte, alcança a salvação para todos.

Solene Oração dos fiéis: O formulário atual, composto de dez orações, tem sua origem antes do século quinto. Com algumas adaptações, conforme a linguagem e as necessidades atuais da Igreja e do mundo, a oração universal exprime verdadeiramente a abertura universal da comunidade cristã, consciente de que a salvação de Cristo é oferecida a todas as pessoas.

Apresentação e adoração da cruz: O rito da apresentação e adoração da cruz vem como consequência lógica da proclamação da Paixão de Cristo. A Igreja ergue, diante dos fiéis, o sinal do triunfo do Senhor, que havia dito: “Quando tiverdes elevado o Filho do Homem, então sabereis que Eu sou” (Jo 8,28).

Comunhão: Embora não haja celebração eucarística, os fiéis podem comungar das hóstias consagradas na missa da quinta-feira Santa. Mesmo que seja feita fora da missa, a comunhão é íntima união com Cristo que se oferece por nós em sacrifício ao Pai.

Aspectos simbólicos:

Hora: A solene Ação Litúrgica celebra-se por volta das 15 horas.

Cor Vermelha: A cor litúrgica da Sexta-feira Santa é o vermelho. Expressa a realeza de Cristo, vencedor da morte. O vermelho é também a cor do sangue dos mártires, e Jesus é o mártir por excelência.

Prostração e silêncio: O presidente da celebração e os ministros dirigem-se ao altar em silêncio, sem canto. Feita a reverência ao altar, o sacerdote e os ministros se prostram. Esse gesto expressa profundo respeito diante do mistério da morte de Jesus e a tristeza dolorosa da comunidade cristã. Enquanto o sacerdote e os ministros estão prostrados, os fiéis permanecem ajoelhados e oram em silêncio.

Narrativa da Paixão: A história da Paixão segundo São João é lida ou cantada por pessoas que fazem a parte do narrador, do povo e de Cristo.

Oração universal: Com essas dez orações, a Igreja abre os braços e o coração para fazer uma solene e universal oração de intercessão para a salvação do mundo.

Adoração da Cruz: O crucifixo que será mostrado ao povo seja suficientemente grande. Para esse rito, escolhe-se uma das duas fórmulas apresentadas pelo Missal Romano. Tanto o convite feito ao mostrar a Santa Cruz (Eis o lenho da cruz), quanto à resposta dos fiéis (Vinde, adoremos). Depois de cada apresentação da Cruz, um instante de silêncio cheio de reverência. É recomendável que cada fiel tenha a possibilidade de se aproximar da cruz e expressar seu gesto de adoração, que pode ser a genuflexão simples, o beijo ou outro sinal apropriado, conforme o costume local.

Desnudamento do altar: Ao encerrar a celebração da Paixão do Senhor, faça-se o desnudamento do altar, colocando-se, porém a cruz em lugar adequado, de modo que os fiéis possam adorá-la.

SÁBADO SANTO

O Sábado Santo é considerado um dia alitúrgico, isto é, sem celebração eucarística. É dia de contemplação e respeito face ao mistério que a Igreja acabou de celebrar na Sexta-feira Santa. É também o grande dia de Maria, a hora em que ela, mais uma vez, haverá de guardar “todas essas coisas, meditando-as em seu coração”. Por isso, mais que acentuar o luto em torno da morte de Jesus, os fiéis já começam a preparar-se para o que virá com grande explosão de júbilo, na noite da Vigília Pascal: a ressurreição de Jesus.

VIGÍLIA PASCAL

A Igreja, em todos os tempos, se preocupou em solenizar esse momento: a comunidade passava a noite em oração, ouvindo e meditando a Palavra, realizando o batismo dos catecúmenos e, na madrugada, celebrava a Eucaristia.

Aspectos Simbólicos

A fogueira: Cada participante deve levar para a celebração um graveto para colocar na fogueira. Demonstra, desse modo, seu desejo de entrar no mistério do Cristo ressuscitado e participar de sua vida nova.

Luz e trevas: Convém ressaltar o jogo de escuridão e lua, para simbolizar a passagem da escravidão para a libertação, do pecado para a graça, da morte para a vida. Por isso, enquanto se faz a celebração ao redor do fogo e do círio, as luzes do ambiente estejam apagadas. Serão acesas após a terceira vez que se proclama Eis a luz de Cristo, ao que os fiéis respondem: Demos graças a Deus!

Irmã Maria de Fátima de Carvalho, Diretora Geral do Colégio Nossa Senhora do Carmo

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